IGREJA - LUGAR DE GENTE QUE ORA

28-03-2011 12:52

IGREJA – LUGAR DE GENTE QUE ORA

27032011

 

Este artigo foi escrito  pela Miss. Paulina Faria, uma mulher de Deus, que admiro muito, não somente pelo seu ministério frutífero, sua sabedoria e conhecimento, mas principalmente, pela sua vida de testemunho e exemplo. Além de amiga e madrinha de nosso casamento, ela foi minha professora no Seminário  e discipuladora. Devo-lhe muito. Paulina é uma mulher de oração e estará connosco, intercedendo, nesta campanha de 30 dias de Oração por Portugal.

A minha casa será chamada casa de oração por todos os povos” – estas,  foram as palavras ditas por Jesus por ocasião da purificação do Templo em Jerusalém (Lc 11.17). Com estas palavras, o Senhor não apenas corrige um comportamento dos comerciantes que ali se punham, obtendo lucro com o culto a Deus, mas ressalta o propósito do lugar estabelecido para a morada do Altíssimo. Destarte, a Igreja, enquanto casa de Deus (na visão bíblica), foi instituída para ser um lugar de oração. Por conta do caráter sacerdotal do povo de Deus, e, portanto, mediador, a oração constitui o serviço da Igreja, e deveria ocupar lugar essencial na vida de cada um cristão.

Uma das formas de Deus nos chamar a atenção para algum tema em Sua Palavra é a repetição, ou a constância do mesmo no texto sagrado. De acordo com Macintosh, a palavra “orar” ocorre 146 vezes em 139 versículos da Bíblia. A palavra “oração” ocorre 108 vezes e muitas variações podem ser encontradas. A palavra orações ocorre 27 vezes; “orando”, 25 vezes; “ora”, 5 vezes, “orou/oraram”, 59 vezes. Segundo Strong, a palavra orar, nas suas mais diversas formas, é encontrada 370 vezes na Bíblia. Portanto, “se uma palavra aparece com tanta freqüência na Bíblia, deveríamos prestar atenção a ela. Deus, obviamente, está destacando um ponto crucial” (Livro Apaixone-se pela oração, pg. 27). A Bíblia deixa a importância e o significado da oração claro como cristal. Existem mais de 650 orações registradas na Palavra de Deus – e mais de 450 respostas de oração – sem falar de todo o livro de Salmos, que é essencialmente um livro de oração.

A oração permeia o conteúdo vétero-testamentário como elemento essencial da história de Israel,  em relação direta com os acontecimentos. Os grandes momentos da história do povo de Deus estão assinalados pela oração dos mediadores e de todo o povo, e se baseiam no conhecimento do plano de Deus para obter a sua intervenção na hora presente. A começar por Moisés (vale ressaltar que é em atenção a ele que Deus salva o povo – Ex 33.17; e como resultado de sua oração que brota a obra legisladora, e os sucessivos livramentos experimentados por Israel no deserto), passando pelos reis profetas (quem não se lembra da oração de Salomão, por ocasião da inauguração do Templo – I Rs 8.10-61 – ou do rei Josafá, 2 Cr 20.6-12, ou ainda do profeta Elias, I Rs18.36ss, e sobretudo, de Jeremias, o que muito orou pelo seu povo?), a função de interceder pressupunha uma clara consciência tanto da distinção como do relacionamento que se estabelecia entre o individuo e a comunidade.

No Novo Testamento, a oração aparece na vida de Jesus como centro de todos os seus atos. É interessante o fato de Marcos registrar seus grandes retiros espirituais (Mc 1.32-37), visto que é justamente este evangelista que focaliza mais as suas atividades, apresentando Jesus como o Servo, fato que estabelece, do ponto de vista de causa-efeito, uma conexão mais que óbvia entre a oração e a ação, bem como revela o tipo de serviço que agrada e glorifica a Deus. Esta conexão faz-nos lembrar da máxima de Moody: “Se você está tão ocupado que não tem tempo para orar, então você está mais ocupado do que Deus queria que estivesse”.

A oração é o resultado imediato da Cruz de Cristo, visto que Mateus registra o momento da entrega do espírito, ou de tudo consumado, como o momento em que o véu do Templo foi rasgado de alto a baixo (Mt 27.50,51). E o autor de Hebreus (que no capitulo 9 afirma que o véu era um alerta do Espírito quanto ao fato do caminho do Santuário estar encoberto), convida-nos a entrar no Santuário, valendo-nos do sangue de Jesus (10.19). Esse santuário é também chamado trono da graça, ou lugar de misericórdia, ou ainda, descanso, onde Jesus, nosso Sumo-Sacerdote, nos recebe, enquanto Mediador, poderoso para salvar os que por ele se achegam a Deus.

O caráter convidativo da oração também assume um modo imperativo na linguagem apostólica, quando somos exortados a orar sem cessar (I Ts 5.17), ou perseverar em  oração (Rm 12.12; Cl 4.2). Essa ordenança dos apóstolos fundamenta-se no ensino de Jesus sobre o “dever de orar sempre, sem nunca esmorecer” (Lc 18.1), exemplificado na parábola do juiz iníquo e da viúva.

Particularmente, creio que perdemos a perspectiva correta da oração. Ela é vista sob a ótica do pragmatismo, utilitarismo, e não como possibilidade de contato com Deus, uma entrada no céu, de uma comunhão intima com o Senhor. Na verdade, a oração deve brotar do desejo de estar com o Senhor. Essa é a verdade expressada pela busca da noiva pelo noivo, em Cantares de Salomão: “De noite, busquei em minha cama aquele a quem ama a minha alma; busquei-o e não o achei. Levantar-me-ei, pois, e rodearei a cidade; pelas ruas e pelas praças buscarei aquele a quem ama a minha alma; busquei-o e não o achei; Acharam-me os guardas, que rondavam pela cidade; eu perguntei-lhes: Vistes aquele a quem ama a minha alma? Apartando-me eu um pouco deles, logo achei aquele a quem ama a minha alma” (Ct 3.1-40. A motivação da busca era o amor, que 4 vezes é claramente expressado pela noiva.

A verdadeira essência da vida cristã é o relacionamento individual entre nosso Criador e nós, e a oração é o meio pelo qual aprofundamos este relacionamento e solidificamos este elo com Deus. A oração não apenas produz um avivamento espiritual como coloca a vida na perspectiva correta. Ela é, sem dúvida, uma das experiências mais emocionantes que podemos desfrutar, e a nossa expectativa é que sejamos despertados pelo Senhor a buscar a Sua Presença mediante uma vida de oração.

Deus nos quer em Sua presença, e o alto preço pago por Ele mesmo a fim de tornar possível este fato já deveria constituir, para nós, motivação para que vivêssemos em oração. O Senhor está a nossa espera…

Miss. Paulina F. Albino Gonçalves 


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