POBREZA:
O risco de pobreza em Portugal sobe cinco pontos percentuais, (de 18 para 23 por cento)no caso das crianças (até aos 17 anos inclusive) e é de 22 por cento no caso dos idosos (a partir dos 65 anos).
O Eurostat revela ainda que mais de metade dos habitantes em Portugal (64 por cento) não consegue pagar uma semana de férias no estrangeiro e nove por cento da população não tinha, em 2008, possibilidades de adquirir viatura própria. Relativamente aos consumos de primeira necessidade, 35 por cento dos que habitam em Portugal não têm capacidade para manter a casa adequadamente quente (face a dez por cento da Europa a 27) e quatro por cento da população não tem condições financeiras para fazer uma refeição, pelo menos dia sim dia não, de carne, peixe ou equivalente vegetariano (um número mais positivo do que a média europeia, que se situa nos nove por cento).
De entre os 27 países que compõem a União Europeia, Portugal não é, ainda assim, dos mais severamente afectados pelo risco de pobreza. Em 2008, Letónia (26 por cento), Roménia (23 por cento), Bulgária (21 por cento) e Espanha e Grécia (21 por cento), eram, segundo o estudo do Eurostat, os mais afectados pelo risco de pobreza. Os países da União Europeia com menos risco de pobreza são a República Checa (9 por cento) e Holanda e Eslováquia (11 por cento). Jornal Público on line.
Desemprego em Crescimento
O FMI aponta para um crescimento contínuo da taxa de desemprego em Portugal, de 11,9% este ano, num crescimento de 0,9 pontos percentuais em relação ao ano passado, para 12,4 por cento em 2012.
Inadiplentes:
Só este ano, a impossibilidade de pagamento da prestação ao banco levou a que mais de 700 famílias portuguesas perdessem a casa onde moravam, segundo noticia o Correio da Manhã.
Segundo dados fornecidos pelo pr. Luiz Pizano, da Igreja Metodista Wesleyana, “nos últimos dias, devido à crise, aproximadamente 35.000 famílias ficaram sem pagar a renda (aluguel). Dessas famílias, muitas tiveram os seus abonos cortados pelo governo. Até o Banco Alimentar diminuiu seu fornecimento de alimentos”. Pastor Luiz pede oração por estas famílias.
Carenciados Sem-teto:
Segundo os dados fornecidos pelo pr. Dantas, da Igreja Batista Shekinah, “existem aproximadamente 3.000 moradores de rua em Portugal, muitos deles, sem ajuda alguma”. Segundo ele, que realiza um lindo trabalho com Moradores de rua, “essas pessoas estão muito abertas à Palavra de Deus, porém, não há muitos que invistam neles”. Pr. Dantas pede oração pelos carenciados de Portugal.
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Reportagem sobre a Pobreza em Portugal:
“Porque sempre tendes os pobres convosco”
Talvez estas palavras de Jesus nunca tenham sido tão profeticamente actualizadas como nos dias em que vivemos. Num total de 493 milhões de habitantes, a pobreza é uma realidade que actualmente afecta 68 milhões de pessoas na Europa da União (16% da população). Em Portugal, com 1 em cada 5 portugueses a viver nessa condição, o alarme tem soado a todos os níveis da sociedade, envolvendo o próprio Presidente da República.
A pobreza pode ser entendida sob três perspectivas principais: na esfera económica, que envolve a falta de recursos financeiros – o aspecto mais referido por ser quantificável; na esfera material, que compreende as necessidades mais básicas (alimentação, vestuário, alojamento e saúde); e na esfera social, que tem a ver com a qualidade de vida, envolvendo aspectos que não sendo de sobrevivência (como o acesso à educação, informação, diversão, etc.), podem mesmo assim conduzir à exclusão social do indivíduo.
O entendimento de pobreza varia de acordo com a geografia e o contexto social, daí que ser-se pobre na Índia, na Guiné ou nas Filipinas, é completamente diferente de ser-se pobre na Suécia, na Austrália ou no Canadá. A nível da União Europeia, considera-se em risco de pobreza toda a pessoa que tem rendimentos inferiores ao limiar de 60% do rendimento mediano equivalente.
Conforme se constatou atrás, a problemática da pobreza (e os seus contextos envolventes) não é um fenómeno exclusivo de Portugal, mas uma realidade europeia e do chamado ‘primeiro mundo’; contudo, atinge no nosso país dimensões que não são próprias do seu enquadramento político e geográfico. A sintomática disso é que enquanto a União Europeia tem em média um Produto Interno Bruto (PIB) de €22.600 por habitante, Portugal fica-se pelos €16.800.
As comparações, com os nossos parceiros europeus, não são propriamente uma fonte de inspiração: apesar de os sucessivos governos terem aumentado o seu investimento na protecção social, que em 2004 era de 24,9% do PIB (contra apenas 21,7% em 2000); a média da União Europeia é presentemente já de 27,3%. Aliás, a realidade mostra que pese, embora todos os esforços desenvolvidos ao longo dos anos pelo Estado, sociedade civil e organizações filantrópicas, é apropriado afirmar-se que a situação da pobreza em Portugal se encontra hoje aos mesmos níveis de há 20 anos atrás.
É neste contexto desafiante e complexo que vivem as igrejas cristãs em Portugal. A citação com que este artigo se iniciou está incompleta, pois o texto do versículo todo diz o seguinte: “Porque sempre tendes os pobres convosco e podeis fazer-lhes bem quando quiserdes” . Jesus Cristo descreve uma realidade e diz depois o que se pode fazer sobre essa mesma realidade.
Salvo pouquíssimas excepções, a comunidade evangélica em Portugal tem tradicionalmente desenvolvido quase exclusivamente a sua ‘actividade’ na esfera espiritual. As poucas incursões na área social têm sido feitas muitas vezes por iniciativas individuais ou por se ver aí uma forma de ministrar aos crentes mais carenciados.
Os finais do século XX, vieram trazer novas realidades que possivelmente nem todas as igrejas acompanharam. Uma sociedade pós-modernista, multifacetada e retalhada por princípios adversos ao cristianismo, requer uma abordagem apropriada por parte da igreja; uma igreja que, sem abdicar dos seus objectivos evangelísticos, procura alcançar o ser humano como um todo. É este ministério holístico e este engajamento por parte da igreja em áreas que, não sendo aparentemente do foro estritamente ‘espiritual’, lhe abrem no entanto o caminho para a evangelização e a oportunidade de responder às necessidades da sociedade em que supostamente está inserida. Talvez tenha chegado o momento em que a Igreja deverá deixar de caminhar paralelamente à sociedade para tomar uma diagonal e envolver-se na realidade que a rodeia e ministrar ao seu próximo. A questão que então se levanta é: estão os cristãos evangélicos em Portugal preparados para dar este passo e empenharem-se activamente no combate à pobreza? À exclusão social e a muitos outros males que enfermam a sociedade de hoje? Estão as comunidades evangélicas deste país – e as suas lideranças – suficientemente despertas e motivadas para se comprometerem na luta contra a miséria que atravessa este país onde o Senhor as colocou? Se procuramos que a Igreja seja visível e relevante para a sua geração e para os desafios que a sociedade de hoje apresenta, dificilmente encontraríamos melhor área por onde começar!
Alberto Serém
Major do Exercito de Salvação
Evangelismo ou Ação Social?
Neste período em que tanto se tem falado das grandes dificuldades vividas na nossa sociedade em Portugal, como podemos nós, Igreja de Cristo, ficar indiferente com tudo aquilo que se passa. Deus não é indiferente! Não tem conta as vezes que são mencionadas nos meios de comunicação, palavras como: “Desemprego”, “Piores níveis de ensino de toda a Europa”, “Listas de espera da saúde”, “Sofrimento dos idosos”, “Reformas e pensões insuficientes”, “Rendimento Social de Inserção”, “Baixo poder de compra”, “Baixo nível de vida”, “Endividamento das famílias”, “Emigração”… Em tudo isto Deus tem a sua Palavra a dizer.
Se por um lado, nós, Igreja de Cristo, somos unânimes em concordarmos que só Deus pode transformar vidas de forma sustentável, por outro lado, muitas têm sido as dúvidas, inseguranças e divergências enquanto à estratégia que deve ser seguida: Evangelismo ou Acção Social ? Este debate não é novo !
Para uns, a acção social tem sido uma perda de tempo, um desgaste de energia e recursos, onde entram em conflito os interesses do mundo (nomeadamente os do Estado) e o propósito de Deus – o importante é as pessoas aceitarem Jesus, congregarem numa igreja e serem salvas.
Para outros, o evangelismo é estéril, ficando só pelo entusiasmo religioso e não produzindo nenhuma transformação de vida real – o importante é responder às necessidades sociais ajudando as pessoas a sair das suas dificuldades reais e começar a viver uma vida abençoada.
Durante muito tempo, e ainda nos dias de hoje, este debate tem sido vivido. Quantos vezes a acção social tem sido associada a movimentos eclesiásticos ditos “históricos”, ou por outras palavras, aos que menos avivados são, espiritualmente ? Quem associaria um avivamento espiritual a um mover da acção social ? Não nos sentimos nós mais cómodos ao pensar em igrejas cheias com tempos de louvor e adoração maravilhosos e pessoas quebrantadas a chorar diante da presença de Deus ? O inimigo das nossas almas tem sido muito astuto !! Ele tem conseguido entreter-nos com questões estratégicas de segundo plano, colocando muitas vezes em conflitos instrumentos que o próprio Deus deseja utilizar de forma complementar no seu devido contexto.
Na sequência do Congresso de Lausanne de 1974, chegou-se à conclusão de que no lugar de destronar o “Evangelismo” a favor do “Social”, era necessário “Entronizar o AMOR como motivação histórica principal para as missões”. Desta declaração permita-me apresentar-vos três considerações importantes:
1. “Evangelismo” e “Acção Social” são actividade distintas. Quando se considera estas duas actividades uma só, uma das duas acaba sempre por desaparecer (frequentemente o Evangelismo). Ora, os frutos da “acção social” podem nunca vir a surgir, mas os da “proclamação” sempre surgirão. As respostas sociais são muitas vezes fundamentadas em estratégias e métodos humanos limitados e falíveis mas a Mensagem de Esperança vem directamente de Deus – Isaías 55:11.
2. A “Proclamação da Palavra” é central. A “acção social” e o “evangelismo” são sem dúvida nenhuma parceiros, contudo, não têm o mesmo peso. A principal necessidade das pessoas continua a ser a de reconciliar-se com Deus. De alguma forma, deve-se usar de muita criatividade para que os valores e princípios da mensagem de Deus sejam proclamados no desenvolvimento das acções sociais. Caso contrário, as pessoas só ficarão pelo reconhecimento a pessoas, a instituições ou a programas, em vez de serem gratas a Deus por aquilo que Ele está a fazer nas suas vidas.
3. “Evangelismo” e “Acção social” são inseparáveis. Em termos absolutos, podemos dizer que o “evangelismo” (conhecer Jesus) tem toda a
prioridade sobre a “acção social”. Contudo, em contextos específicos, assim não poderemos pensar: uma criança a morrer à fome precisa, acima de tudo, de algo que a mantenha viva.
Seja qual for a actividade desenvolvida, esta sempre deverá assentar em relacionamentos humanos. Pois, em tudo isto, a “Proclamação” tem de ser central. Ora, um “centro” sempre pressupõe um contexto, e este contexto é o de uma vida de AMOR. Não podemos pensar em termos de actividades. Pois o AMOR requer que se compartilhe a mensagem de esperança que vai ao encontro da maior necessidade das pessoas. Lutemos para que todas as pessoas envolvidas nesta acção social possa conhecer esta mensagem de esperança !! I Coríntios 13.
João Barros (JOCUM – ComPaixão)
Director do Centro de Acolhimento Temporário
Para Sem Abrigo – Exército de Salvação
Membro da IEFAV – Albarraque
Motivos de Oração:
- Pela salvação e completa restauração da População carenciada de Portugal.
- Pelas famílias que dia-após-dia, tem perdido suas casas, seus abonos, seus sonhos e sua dignidade.
- Por um maior conhecimento, por parte das Igrejas, das necessidades reais das populações locais. Um conhecimento que leve à acção.
- Pela manifestação do Amor de Deus aos carenciados, por parte da Igreja.
- Pela promoção de encontros das lideranças das nossas igrejas e instituições sociais de cariz evangélico, no sentido de perceber que a acção social pode seguir, preceder e acompanhar o evangelismo.
Que Deus te abençoe! Daniele Marques.