14º Dia – O Alcoolismo em Portugal!

09-04-2011 08:00

 

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O álcool é a maior forma de toxicodependência conhecida no nosso país.

O alcoolismo é uma das principais causas de dramas pessoais e familiares, considera Silva Marques, especialista do Hospital Sobral Cid, em Coimbra. Toda a gente fala dos heroino-dependentes, mas esquecem o problema do álcool no nosso país que é a primeira da lista’, esclarece Silva Marques.

Em Portugal, o consumo de álcool per-capita é dos mais elevados do mundo, cerca de 12 Litros de álcool puro, encontrando-se no 8º lugar do ranking mundial; é o 6º maior consumidor de bebidas alcoólicas da UE; o 4º a nível em consumo de vinho; o 23º a nível de consumo de cerveja e o 31º a nível de consumo de bebidas espirituosas.

Alguns dados estatísticos:

A mortalidade ligada ao álcool estima-se como a 4ª causa de morte no nosso país.

Cerca de 10.3% da população portuguesa com mais de 15 anos é doente alcoólica (800.000) e 13.7% bebem em excesso (1.000.000), um número que chega perto dos 2 milhões. Mas este número ainda pode ser bem maior.

Na UE, só Portugal permite bebidas álcoolicas a menores de 18 . Mas é o país com a menor idade mínima, 16 anos, enquanto em quase todos os países, a idade é de 18 anos. Na Suécia e na Islândia é 20 anos, segundo a pesquisa “Álcool na Europa”. O estudo foi elaborado por Peter Anderseon e Ben Baumberg, do Instituto para o Estudo do Álcool, com sede no Reino Unido.

Mais de 60% dos jovens de ambos os sexos (12 aos 16 anos) e mais de 70% (com mais de 16 anos) consomem regularmente, bebidas alcoólicas (cerveja, espirituosas com refrigerantes e misturas com alto teor alcoólico).

Mais de 10% da mortalidade jovem feminina e cerca de 25% da mortalidade jovem masculina é devida ao álcool.

6% declararam envolvimento em brigas e 4% declararam sexo desprotegido devido ao seu consumo de álcool.

30% dos internamentos em Hospitais Psiquiátricos são relacionados com doentes alcoólicos e 37% dos comportamentos suicidários. Em vários estudos sobre relação entre álcool e suicídio apontam para uma influência do álcool nos comportamentos e na ideação suicida. O álcool potencializa a probabilidade da ocorrência de comportamentos suicidas em todos os grupos. E o consumo prolongado dos pais, potencializa o efeito suicida nos filhos.

40% dos homens e 10% das mulheres internados em Hospitais Gerais está relacionado com o consumo excessivo de álcool. Há muitos casos de depressão e ansiedade em Portugal, pois, muitas pessoas vêem o álcool, como um redutor destes factores, por provocar uma certa euforia.  A caracterização demonstra ainda, que existe uma relação familiar muito forte no alcoolismo, sobretudo, no que diz respeito à dependência nos homens. Dois terços dos utentes do sexo masculino e metade das utentes mulheres têm antecedentes familiares de dependência do álcool. De resto, afirma o estudo, o filho de um homem alcoólico tem de quatro a nove vezes mais risco de vir a ser dependente.

33% das mortes por acidentes de viação (trânsito) e 34% das mortes por acidentes de trabalho revelaram alcoolémia positiva na região de Coimbra. Muitos dos danos causados pelo álcool são suportados por terceiros. Isto inclui 60.000 nascimentos com pouco peso, bem como 16% de abuso e negligência de crianças, e 5-9 milhões de crianças em famílias afectadas pelo álcool.

Em Portugal, os acidentes de trânsito constituem, na UE, um grave problema de saúde pública, tendo sido responsáveis por cerca de 43 000 mortos e 150 000 deficientes.Portugal é o país da UE com a taxa mais elevada de mortalidade rodoviária. Em Portugal, os acidentes de viação são a principal causa de morte em crianças, adolescentes e adultos jovens com idades compreendidas entre 1-25 anos. A mortalidade dos jovens do sexo masculino é 3 vezes mais elevada do que a do sexo feminino, em grande parte devido a acidentes. A condução sob o efeito do álcool é uma verdadeira epidemia. Numa perspectiva mundial, o número de mortos por acidente de viação é mais elevado do que o tumor maligno mais frequente (cancro do pulmão). De uma forma geral, na UE, a média de indivíduos que conduzem com Taxa de Álcool no Sangue (TAS) acima dos limites legais ronda os 3%, enquanto esta percentagem se eleva para 25% quando se considera os condutores envolvidos em acidentes de viação fatais. Três por cento de condutores em Portugal, por dia, equivalem aproximadamente a 90 000 condutores com excesso de álcool no sangue. A Polícia de Segurança Pública, no âmbito da sua actividade de fiscalização do trânsito, durante o mês de Setembro de 2007 obteve os seguintes resultados globais em relação ao alcool: Condução em estado de embriaguez – 541casos. Contra-ordenações detectadas – condução sob o influencia do álcool : 0,5 g/l ≤ 0,79 g/l – 319 casos e 0,8 g/l ≤ 1,19 g/l – 338 casos.

Parte do custo económico é também pago por outras pessoas e instituições, incluindo muito dos estimados €33 biliões devidos ao crime, €17 biliões para os sistemas de saúde, e €9 biliões - €19 biliões de absentismo.

Há uma relação evidente e gradual entre o álcool e doenças mortais como cirroses hepáticas, neoplasias das vias respiratórias, do aparelho digestivo superior, colo-rectais, fígado, hipertensão arterial, pancreatite crónica, AVC hemorrágicos, mesmo com consumos “moderados” de álcool de apenas 25 gramas por dia. Portugal tem a taxa mais alta de doenças crónicas do fígado da Europa Ocidental.

Mesmo com consumos ditos reduzidos (25 gramas/dia) 98% dos doentes alcoólicos referem conflitos na familia, 76% perturbações laborais (baixas frequentes, absentismo, conflitos, baixa de rendimento, sinistralidade), 69% complicações sociais dos quais 16,5% problemas jurídico-criminais. A criminalidade associada é exponencialmente mais elevada sob efeito de álcool a nível de condução, crimes sexuais, ofensas corporais ( Epidemiologia dos Problemas relacionados com o Álcool em Portugal).

Em 2005, foram apresentadas 14.371 queixas na Associação Portuguesa de Apoio à Vítima. 89% levavam o selo da violência doméstica, tinham assinatura masculina, e destes agressores, 50% têm problemas de consumo excessivo de álcool. O alcoolismo e a violência doméstica andam de par em par. A maioria dos crimes violentos são influenciados pelo álcool. Cerca de 47% dos assaltos violentos são devidos a criminosos alcoolizados (WHO. Alcohol and health, implications for public health policy, Oslo, October 1995, p. 20).

Este é o cenário traçado sobre Portugal, mas trata-se “apenas da ponta do iceberg“.

(Fontes: Epidemiologia dos Problemas relacionados com o Álcool em Portugal, Considerações Dr. Augusto Pinto e Relatório World Drink Trends 2005; encare.info; Diário de Notícias on-line, Correio da Manhã e Cruz Azul)

 

Motivos de Oração:

  • Peçamos perdão pela nossa falta de amor e misericórdia para com os alcoolatras.
  • Oremos para que a igreja evangélica portuguesa tenha capacidade e recursos para actuar na area do alcoolismo.
  • Oremos pelos centros cristãos e não cristãos de apoio aos alcoolicos.
  • Oremos pelos lares e famílias que estão a enfrentar este tipo de flagelo.
  • Pela libertação e salvação de muitos que estão amarrados no alcool.
  • Pelos jovens do nosso país que segundo estatisticas começam cada vez mais cedo a se envolverem com bebidas alcoolicas.

Que Deus te abençoe. Daniele Marques.